É com frequência que atendo pessoas que sofrem com sintomas de ansiedade, cada uma com a sua história única e particular, porém quando estão imersos nas redes sociais possuem comportamentos parecidos, como o de se comparar
com os outros e de querer mostrar como estão felizes, e isso acaba refletindo nas relações fora desse contexto.
Sendo assim, compartilhar as dificuldades, dores e angústias pode se tornar algo muito raro de acontecer, inclusive, nas relações pessoais.
Não estou dizendo que a “felicidade” exibida nas redes é ruim ou errado, afinal, ver pessoas sorrindo, viajando, dançando é sempre um entretenimento. Mas o que estou querendo enfatizar é que isso mesmo sendo um “recorte” da vida das pessoas, ou seja, são apenas momentos que foram registrados e compartilhados acabaram se tornando para muitos um modelo de vida idealizado e, é claro, não atingir isso se torna muito frustrante.
Como também há pessoas que já não conseguem mais expressar as suas dores, por medo do julgamento dos outros ou para não serem motivo de preocupação, isso porque, muitas vezes, a tristeza e o sofrimento, que também fazem parte da complexidade do ser humano, são vistos como sintomas doentios que devem ser combatidos e exterminados o mais rápido possível da vida!
Então, o adoecimento, muitas vezes, está fortemente ligado ao fato de que o sofrimento daquela pessoa não tem espaço para aparecer, para ser ouvido e acolhido e o que ela mostra é o que o outro quer ver, mas não o que ela está sentindo. Um mundo onde o que importa é o "aparecer" e isso pode gerar adoecimentos.
Diante disso, vemos cada vez mais uma geração de pessoas ansiosas e depressivas, principalmente, crianças e adolescentes que cresceram diante desse mundo virtual e que enfrentam muitas dificuldades consigo mesmos, se sentindo sozinhos e desamparados. Por isso, esse assunto precisa ser discutido nas escolas entre os alunos, grupos socias, tanto nas mídias como fora delas também.
Deixo aqui a dica de um documentário que também fala sobre esse tema: "O Dilema Das Redes".
Espero ter provocado a sua reflexão sobre o assunto.
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